REQUIEM FOR SAMBA
Imagens e reflexões sobre o carnaval do Rio de Janeiro
A cada ano, por trás da magia do espetáculo oferecido pelas escolas de samba, há muito mais do que plumas e paetês. Do confinamento dos bairros populares e nas favelas até a completa visibilidade nacional e internacional, o longo percurso do samba até chegar ao status de maior espetáculo da terra não foi tão simples e nem sempre festivo.
O carnaval do Rio de Janeiro combinou, inicialmente, a cultura popular portuguesa e os vetores afro-brasileiros.
Do caldeirão carnavalesco do Rio de Janeiro, surgiu a complexa e dinâmica escola de samba. Representação festiva autoproduzida e consumida, esta criação popular será apropriada pela indústria cultural de massas. Nesta trajetória de mercantilização, a partir do espetáculo da escola de samba, será multiplicada a geração de renda e de emprego, dando o suporte a complexas cadeias de atividades. No seu entorno, gravita uma constelaçnao de profissionais, dirigentes, intermediários e artistas hierarquizados por prestígio e renda.
Com o caráter de luxo e riqueza que o desfile assumiu na segunda metade da década de 70, ele passou a interessar mais e mais como forma de atrair turistas e, portanto, de transformar-se em fonte de renda.
A construção da Passarela do Samba, em 1984, expressou o reconhecimento oficial do potencial turístico, econômico e artístico do desfile na vida da cidade. Essa obra trouxe rentabilidade financeira para a festa e teve importantes consequências políticas e organizacionais.
A criação do popular "Sambódromo", que por suas proporções lhe impôs condições espaciais muito definidas, contribuiu para uma mudança de escala do desfile, que se tornou ainda mais suntuoso e gigantesco, alterando inclusive a forma de representação das escolas de samba, pois a megalomania começava a tomar conta do carnaval carioca.
Um dos motivos alegados para a construção da passarela definitiva era que, eliminado os custos com o fim da montagem e desmontagem anual, os preços dos ingressos poderiam tornar-se mais acessíveis. Infelizmente essa expectativa não se confirmou.
A medida que o dinheiro passou a ser a preocupação dominante, a mentalidade empresarial os fez esquecer que o espetáculo é feito pelo povo e deveria ser assistido pelo povo.
Desde então, o carnaval se viu jogado num progresso vertiginoso, onde os desfiles milionários reservaram ao povo, um lugar à margem da festa.
O carnaval deixou de ser vivido para ser olhado.
De promessa para muitos, à realidade de poucos.
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