quinta-feira, 18 de junho de 2009

ÒRÌSÀ

ÒRÌSÀ
Fotografia de Marcelo Rangel

Se a fotografia é inscrever com a luz, Marcelo Rangel utiliza a arte da luminosidade para pintar, explorar as texturas e quase abstrair as imagens lhes dando um poder original e sincero. No detrás delas, revela o reino ilusionário dos deuses prontos para entrar no desfile do samba e povoar o imaginário do povo carioca.
Os orixás que ele visiona atrás de um espelho e de paredes que o tempo teceu ferrugens, descasques e mofos, saem da mito-poética do candomblé para serem recriadas pelo popular nas fantásticas oficinas dos carros alegóricos. São tradições de fé que ameaçam desaparecer e com as quais Marcelo, antropolicamente se ocupa em transmutar mais do que documentar através da fotografia.
O que já não era de todo ordinário, fica ainda mais perto do extraordinário.
Marcelo vai além da ilusão da quarta-feira de cinzas quando toda a alegoria retorna ao galpão de origem para virar elementos de reciclagem para um outro carnaval. Ele fotografou o momento antes do esplendor do desfile e deu ainda momentos de glória ao eternizar estes deuses mais do que apenas recriá-los em inusitadas imagens.
Há uma força pictórica imensa em suas fotos/pinturas e elas acendem em nossa imaginação algo que vai além do atlântico. O mar que aporta em nosso corpo/alma, nos faz recordar ao sabor de um ritmo e de um tempo ancestral, que somos deuses e esquecidos desta herança, por isso, vivemos a miséria de apenas poucos dias de sonho.
As imagens sem tempo que Marcelo fabrica com a artezania do apuro e do afeto, nos coloca no espaço onde somos o sonho da eternidade.

Bené Fonteles



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ORISA

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